Wednesday, June 4, 2008

O futuro em jogo

STF retoma julgamento sobre a legalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias humanas


Uma verdadeira novela que se arrasta há três anos na justiça brasileira está próxima do fim. Nesta quarta, dia 28, o Supremo Tribunal Federal (STF) reinicia o julgamento da ação direta de inconstitucionalidade do artigo da Lei de Biossegurança, aprovada em 2005, que autoriza pesquisas com células-tronco embrionárias humanas. A sessão anterior, realizada em 5 de março, foi suspensa após o pedido de vista do ministro Carlos Alberto Menezes Direito.


Sede do Supremo Tribunal Federal em Brasília (foto: STF).



A ação foi proposta pelo ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles, em maio de 2005. O ministro relator Carlos Ayres Britto e ministra Ellen Gracie, presidente da corte na época do início do julgamento, votaram pela constitucionalidade das pesquisas. O 5º artigo da lei permite que embriões congelados há mais de três anos ou inviáveis para a implantação em útero sejam usados em pesquisas cientificas, desde que haja o consentimento dos pais. (Leia a análise de Renato Lessa sobre o papel do STF nessa decisão de caráter técnico-científico.)

Os defensores das pesquisas com células-tronco embrionárias enxergam nelas uma esperança de cura para doenças como mal de Parkinson, diabetes e artrose e de recuperação das seqüelas surgidas em conseqüência de lesões na medula espinhal e acidentes vasculares cerebrais. Porém, os estudos feitos com essas células em alguns países estão em seus primeiros passos, longe ainda de oferecer perspectivas concretas de cura ou melhoria para esses pacientes.

A demora no julgamento atrasa pesquisas sobre o tema em andamento. Para alguns pesquisadores, esse fator poderia tornar o Brasil defasado em relação a outros países no desenvolvimento de novas biotecnologias. “O atraso do Brasil em relação aos países do Primeiro Mundo pode nos tornar meros expectadores. No futuro, o país terá que importar essas novas tecnologias e, para isso, pagará uma fortuna”, avalia a geneticista Mayana Zatz, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).

Alta capacidade de diferenciação
O potencial terapêutico das células-tronco de origem embrionária reside em seu alto poder de diferenciação – elas são classificadas como totipotentes ou pluripotentes, ou seja, podem se converter em vários tipos de tecidos. “As células-tronco embrionárias são o tipo mais versátil, e ao estudá-las, aprendemos muito sobre a biologia humana”, afirma a geneticista Lygia da Veiga Pereira, também do Instituto de Biociências da USP. “É preciso concentrar mais esforços para que não haja uma lacuna, um buraco negro, em relação ao desenvolvimento das pesquisas.”


Blastocisto humano de cinco dias. O aglomerado de células à esquerda é a fonte das células-tronco embrionárias, capazes de gerar neurônios, células cardíacas, cutâneas e de outros tecidos (foto: Centro Avançado de Fertilidade de Chicago, EUA).



O grande obstáculo para o uso das células-tronco embrionárias em pesquisas é o fato de sua extração acarretar a morte do embrião, o que leva muitos a enxergarem impedimentos éticos para tais estudos. Os que condenam as pesquisas alegam que a prática seria equivalente a um aborto, proibido por lei. Cientistas e pesquisadores afirmam, porém, que o embrião não tem qualquer resquício de célula nervosa nos primeiros 14 dias de gestação – período em que ocorreria a extração das células-tronco (leia um artigo de Roberto Lent sobre quando começa a vida humana).

Os opositores afirmam ainda que a liberação das pesquisas poderia dar origem a um comércio de embriões no país, embora a Lei de Biossegurança proíba esse tipo de negociação. Além disso, cerca de 98% dos embriões congelados há mais de três anos no Brasil são inviáveis tanto para a reprodução quanto para pesquisa, segundo dados apresentados por Zatz em palestra realizada na Academia Brasileira de Ciências, em abril. Os embriões usados para pesquisa, portanto, jamais chegariam à vida adulta.

O neurocientista Stevens Rehen, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ressalta que o país já estaria em posição de desvantagem em relação a outros. “Estamos 10 anos atrasados e precisaremos correr atrás”, lamenta. “Em vários lugares do mundo já existem patentes que, caso venham a se tornar tratamentos, custarão muito caro para nós”.

Rehen destaca ainda que há poucos grupos atuando no Brasil com pesquisas sobre células-tronco. “Não há uma grande massa crítica. É preciso fomentar o aumento do número de grupos de pesquisa”, afirma. “É preciso dar liberdade às pesquisas, desde que sejam realizadas de forma ética”, completa o pesquisador, que coordena o Instituto Virtual de Células-Tronco.

Pouco potencial das células adultas
Algumas linhas de pesquisa tentam contornar as barreiras éticas ligadas ao uso das células-tronco embrionárias humanas. No Brasil e no mundo, várias iniciativas buscam usar com fins terapêuticos as células-tronco adultas, encontradas na medula óssea, no sangue, na placenta e no cordão umbilical. Resultados satisfatórios têm sido obtidos nesses estudos, mas a menor capacidade de diferenciação das células adultas restringe seu potencial terapêutico.

Um outro tipo de abordagem desenvolvida recentemente consiste na reprogramação de células-tronco adultas para que elas voltem a atuar como embrionárias. No entanto, essa técnica esbarra em obstáculos como o risco de câncer associado ao procedimento e a imperfeição do método de inserção dos novos genes usados na reprogramação.

A questão das pesquisas com células-tronco embrionárias divide a sociedade e provavelmente não será encerrada caso o resultado do julgamento seja anunciado nesta quarta. A polêmica envolve a discussão sobre quando começa a vida, questão de difícil resposta, sejam quais forem os critérios adotados. Enquanto o resultado não for anunciado, continuará incerto o futuro das pesquisas que buscam tratamentos para diversas doenças.


Igor Waltz
Ciência Hoje On-line
27/05/2008

Thursday, May 22, 2008

Uma segunda chance

Se o aquecimento global causasse a extinção de espécies, as arqueas permaneceriam no planeta


A imprensa noticiou recentemente o diálogo entre duas pessoas preocupadas com o aquecimento global e com o destino da Terra. Uma expressou seu pessimismo dizendo que, se nenhuma providência enérgica fosse tomada imediatamente, o planeta acabaria. Tal previsão foi imediatamente contestada pela outra pessoa, para a qual o planeta continuaria a existir muito bem, mas certamente uma boa proporção dos seres vivos, entre eles a espécie humana, deixaria de existir.


As arqueas são seres unicelulares que conseguem viver em condições extremas, não toleradas por qualquer outro organismo. A arquea Deinococcus radiodurans (na imagem) é capaz de resistir a enormes níveis de radioatividade (foto: Wikipédia).


Independentemente de mudanças climáticas, o processo da evolução implica a extinção de espécies, o que ocorre a uma taxa relativamente constante. Acredita-se, por exemplo, que mais de 90% das espécies que viveram na Terra já estejam extintas. No entanto, não há dúvida de que uma alteração radical no ambiente, como a que se anuncia para as próximas décadas, produziria mudanças catastróficas e súbitas na biosfera. Haveria extinções em massa, semelhantes às ocorridas durante períodos de glaciação e de aquecimento do planeta, ou às que resultaram de colisões com asteróides gigantes, como parece ter ocorrido na península do Yucatán, no México. Esse evento é a base de uma das hipóteses para explicar a extinção dos dinossauros. Outra hipótese envolve vulcanismo intenso, concomitante com o choque do asteróide.

Se de fato estivermos diante de uma catástrofe iminente, seria possível prever que espécies permanecerão na Terra? Definitivamente, sim. Embora tais palpites sempre sejam arriscados, em virtude da extensa rede de interações que se estabeleceu entre os seres vivos, pode-se arriscar uma ‘barbada’. Com quase toda certeza as arqueas, seres unicelulares em parte semelhantes às bactérias e em parte únicas, herdarão o planeta. Ou melhor, continuarão a existir aqui, como fazem há mais de 3,5 bilhões de anos, sem se importar com questões climáticas ou com as recentes ações deletérias dos humanos.

Quem são esses seres especiais? São microrganismos que vivem em praticamente todos os ambientes terrestres e marinhos, na ausência de luz ou de oxigênio e por vezes sob altíssimas pressões e temperaturas. Entre as cerca de 90 espécies já catalogadas, descobriu-se que muitas arqueas conseguem viver em condições extremas, não toleradas por qualquer outro organismo. Ambientes de grande salinidade ou acidez, por exemplo, seriam considerados estéreis se não fosse a presença de arqueas halofílicas (que preferem sal ou ácido). Águas com temperatura próxima à do ponto de ebulição ou abaixo do ponto de congelamento são os ambientes prediletos de arqueas hipertermofílicas e psicrofílicas, respectivamente. Seus metabolismos estão perfeitamente ajustados a tais condições, o que reflete a grande plasticidade das proteínas que as compõem.

As arqueas não param por aí. Com seus ‘superpoderes’, resistem ainda a enormes níveis de radioatividade, muito além dos que seriam letais para plantas e animais. A arquea Deinococcus radiodurans, por exemplo, é capaz, como o nome sugere, de regenerar seu DNA rapidamente após receber uma dose radioativa que reduz o genoma a pequenos fragmentos, e continua a viver e a se reproduzir como se nada tivesse acontecido. São conhecidos hoje tantos feitos das arqueas que é razoável admitir que elas poderiam colonizar ou ter colonizado qualquer planeta com condições similares às da Terra primitiva. O cenário marciano, por exemplo, parecido com o do deserto chileno de Atacama (o ambiente mais seco da Terra), poderia abrigar tais microrganismos em camadas do solo próximas à superfície, como ocorre em Atacama. Em breve saberemos.

O conhecimento sobre as arqueas, porém, não deixa de ser reconfortante para o Homo sapiens. Podemos especular, sem muito medo de errar, que as arqueas foram as células que deram origem, na Terra, a todas as outras formas de vida. Diante de tamanha resistência, é certo também que, após a nossa extinção, as arqueas permanecerão neste planeta até que o Sol termine seu ciclo estelar, daqui a cerca de 5 bilhões de anos. Há, portanto, tempo suficiente para um novo ciclo de evolução, que teria, digamos, de 2 a 3 bilhões de anos. Se os caminhos evolutivos forem parecidos com os que conhecemos agora, talvez surja uma segunda versão humana. Quem sabe esta será mais ecológica?


Franklin Rumjanek
Instituto de Bioquímica Médica
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Levantamento revela que mais de 40% da vegetação nativa da região estão preservados

Levantamento revela que mais de 40% da vegetação nativa da região estão preservados
Uma boa notícia nos pampas Remanescentes de vegetação do bioma pampa no Rio Grande do Sul: campestre, florestal e mosaico floresta-campo. A linha vermelha estabelece os limites entre os pampas, na parte meridional, e a mata atlântica (mapa elaborado pelo Centro de Ecologia da UFRGS a partir de imagens de satélite). Todos os anos, ambientalistas, biólogos e afins anunciam estimativas alarmantes sobre a devastação da vegetação nativa do sul do Brasil. Os números são cada vez mais assustadores. Mas qual a origem desses dados? Por incrível que pareça, boa parte deles resulta de aproximações imprecisas – e muitos não passam de mero chute. A partir de agora, no entanto, erros grosseiros não mais deverão ocorrer, ao menos no que diz respeito ao Rio Grande do Sul, onde se concluiu recentemente o trabalho técnico intitulado Mapeamento da Cobertura Vegetal do Bioma Pampa, conduzido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). O estudo, iniciado em 2004, baseou-se em imagens fornecidas pelo satélite norte-americano Landsat, obtidas entre 2001 e 2003. Muito mais do que apenas levantar dados confiáveis, o projeto permitirá desenvolver novas políticas sustentáveis para a região, bem como definir novas áreas de preservação e facilitar a fiscalização ambiental. O mapeamento procurou, inicialmente, estimar quanto ainda resta de vegetação nativa no bioma pampa. Localizado na porção meridional do Rio Grande do Sul, esse bioma se caracteriza por formações vegetais predominantemente de campo, embora também possua áreas de floresta. Os mapas poderão indicar um panorama geral do impacto exercido pelas atividades humanas na região, criando condições para se elaborar um novo planejamento de ocupação. Uma das conseqüências imediatas do projeto é que os pesquisadores terão ferramentas melhores para instruir produtores locais ainda este ano. O objetivo é criar sintonia entre manejo ambiental e desenvolvimento econômico. Dados ultrapassados As imagens de satélite usadas no último mapeamento contínuo realizado no Brasil eram da década de 1970. Bastante desatualizado, esse mapeamento limitava estudos mais precisos sobre a condição atual dos ecossistemas. E sabe-se que nos últimos 30 anos muita coisa mudou no sul do país. Até 2007, não havia dados oficiais sobre o bioma pampa, e o novo mapeamento trouxe uma notícia auspiciosa: 41% da cobertura vegetal nativa da região – a maior parte composta por campos – ainda estão preservados. “É um número considerável”, estima o geógrafo Heinrich Hasenack, um dos responsáveis pelo estudo. Por mais paradoxal que isso pareça, a boa nova se deve à pecuária. Segundo Hasenack, nos pampas a atividade é mais sustentável, uma vez que, na região, ela tem sido praticada em sua forma tradicional, isto é, com animais criados de forma extensiva sobre pastagens nativas. Isso foi possível porque os pampas possuem áreas de pastagem natural muito ricas, com grande quantidade de espécies vegetais que proporcionam uma alimentação diversificada para o gado. É, portanto, um local privilegiado para os produtores. Assim, não há necessidade de devastá-lo. “Não se pode reproduzir artificialmente tamanha diversidade”, explica o geógrafo da UFRGS. Paisagem do espinilho (tipo de vegetação campestre dos pampas) no extremo oeste do Rio Grande do Sul, no município de Barra do Quarai. Para mapear os pampas, o MMA, com o apoio de outras instituições nacionais, desembolsou cerca de R$ 200 mil. Segundo o diretor do Departamento de Conservação da Biodiversidade do ministério, Bráulio Dias, a iniciativa faz parte de uma ação mais abrangente, que incluiu os outros cinco biomas brasileiros – Amazônia, mata atlântica, cerrado, caatinga e pantanal –, cujo mapeamento completo custou R$ 3 milhões. Os estudos de mapeamento da cobertura vegetal dos biomas fazem parte do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio), do MMA, cujo valor total é superior a US$ 20 milhões. Desse montante, metade veio de uma doação do Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF), por intermédio do Banco Mundial, e o restante de recursos disponibilizados pelo governo brasileiro.

Henrique Kugler Especial para a CH On-line/ PR 10/03/2008

Monday, March 3, 2008

Escolha preguiçosa é a melhor

Matemáticos criam fórmula que aponta quando vale mais a pena esperar pelo ônibus que caminhar
Ônibus em Liège, na Bélgica (foto: Wikimedia Commons). O leitor que usa o transporte público decerto já passou por esse dilema. Você vai a um destino razoavelmente próximo, mas está um pouco atrasado e o ônibus que o leva só passa esporadicamente. Ao chegar ao ponto, você precisa tomar uma decisão: andar ou esperar o ônibus chegar? Pesquisadores norte-americanos se empenharam para oferecer uma solução matemática para essa importante questão e chegaram à conclusão: a escolha preguiçosa é a melhor. A iniciativa da pesquisa, publicada em janeiro no banco de artigos científicos arXiv, foi de matemáticos da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia da Califórnia, ambos nos Estados Unidos. Scott Kominers, um dos idealizadores do estudo, conta que a inspiração veio enquanto caminhava do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) para Harvard, onde dá aulas. Enquanto andava, Kominers olhava por cima do ombro para ver se algum ônibus estaria vindo, mas acabou chegando a seu destino sem que nenhum veículo passasse. “Fiquei curioso para saber se tinha usado a estratégia correta”, conta o matemático à CH On-line. “Eu e amigos meus trabalhamos juntos para ver se era possível criar um plano que pudéssemos executar”. Os pesquisadores desenvolveram uma fórmula matemática para apontar a melhor estratégia a se adotar nesse caso. Os cálculos levaram em conta que o ônibus não faz paradas fora dos pontos e que uma pessoa, para não perder tempo, andaria até a próxima parada para pegá-lo. Se o veículo passasse no meio da caminhada entre um ponto e outro, porém, a pessoa teria que percorrer uma distância muito maior a pé. A partir disso, foram criadas equações para calcular o tempo de espera em cada uma das paradas ao longo da rota do ônibus. Os pesquisadores descobriram que a escolha mais preguiçosa – esperar o ônibus na primeira parada – é, na maioria das vezes, a melhor opção. Essa alternativa só não funciona em casos extremos, quando, por exemplo, o intervalo entre os ônibus é maior do que uma hora ou quando o destino final fica a apenas um quilômetro de distância. Se for caminhar, não espere Os autores lembram que, caso a opção escolhida seja andar, essa decisão deve ser tomada antes de se começar a esperar. Quem optar por essa saída irá provavelmente demorar mais para chegar a seu destino, mas pelo menos não passará pela frustração de ver seu ônibus passar após ter esperado durante algum tempo. Kominers afirma que a matemática pode nos ajudar a resolver pequenos problemas cotidianos. “O formalismo da matemática nos permite tomar decisões mais consistentes”, avalia. “Saber quando a opção de andar é a melhor dá um consolo ao pedestre que vê seu ônibus passar embora em alta velocidade.”

Igor Waltz Ciência Hoje On-line 26/02/2008


Friday, February 8, 2008

Açúcar contra cáries e outras infecções

Criado verniz com substância encontrada em frutas que prejudica crescimento e virulência de bactérias
Um verniz dentário que libera xilitol pode ser a nova arma contra cáries e infecções de vias aéreas superiores. Pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo (FOB/USP), criaram o produto a partir do xilitol, um tipo de açúcar encontrado em algumas frutas, como morango e amora, e que impede o crescimento de bactérias da cavidade bucal.
No verniz dentário com xilitol, essa substância é liberada aos poucos, de forma que sua ação antibacteriana seja mantida constante.
“O xilitol, por ser um açúcar não-fermentável, não consegue ser metabolizado pelas bactérias, prejudicando seu crescimento e sua virulência”, explica a fonoaudióloga Agnes de Fátima Faustino Pereira, autora de uma tese de mestrado sobre as propriedades do açúcar em relação a ouvidos e dentes. A substância já é usada em chicletes anticáries. No entanto, para fazer efeito, devem ser mascados cinco chicletes por dia durante 15 minutos, o que inviabiliza sua utilização terapêutica. Pereira afirma que no verniz dentário, ao contrário das gomas de mascar, o xilitol é liberado aos poucos e sua ação antibacteriana consegue ser mantida. “O verniz com 10% de xilitol foi o que liberou, nos testes em laboratório, maiores concentrações do açúcar em períodos de tempo mais longos (por até 72 horas após a aplicação)”. Segundo a fonoaudióloga, o uso do xilitol como alternativa de prevenção contra bactérias causadoras de cárie dentária e de infecções respiratórias possibilitará a redução de gastos do governo com tratamentos dentários e antibióticos. Antes de ser comercializado, o verniz deve passar por estudos clínicos para comprovação de sua eficácia em humanos. O produto está em processo de patenteação pela USP, mas Pereira ressalta que o objetivo é disponibilizá-lo para a população.

A Redação
Ciência Hoje/RJ

A emenda pior que o soneto

A Emissão indireta de CO 2 na produção de biocombustíveis pode levar séculos para ser compensada
O ritmo do desmatamento na Amazônia voltou a aumentar depois de três anos, devido à pressão por novas terras para o cultivo de soja e para a criação de gado (foto: Wetlands International). Um tiro pela culatra: assim pode ser considerada a derrubada da Amazônia para o cultivo de soja voltado para a produção de biodiesel. A quantidade de gás carbônico emitida pela conversão da floresta tropical em terras agricultáveis pode levar até 320 anos para ser compensada pelos benefícios ambientais do uso desse biocombustível. O cálculo, divulgado esta semana na revista Science, é um balde de água fria para o Brasil, que se orgulha da sua posição de destaque no mercado mundial de biocombustíveis. A estimativa foi feita pela equipe de Joseph Fargione, da ONG norte-americana The Nature Conservancy [Conservação da Natureza]. Os cientistas calcularam a ‘dívida de carbono’ provocada pela conversão de ecossistemas naturais em áreas para cultivo das principais lavouras usadas na produção de biocombustíveis no mundo. A conclusão é clara: a derrubar trechos de vegetação nativa para produzir etanol e biodiesel, mais vale continuar usando combustíveis fósseis. O cálculo foi feito poucos dias depois da divulgação do aumento dos índices de desmatamento na Amazônia, após três anos sucessivos de redução. Estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que foram derrubados cerca de 7 mil km 2 de floresta entre agosto e dezembro de 2007. A inversão dessa tendência tem sido atribuída principalmente à derrubada da mata para a criação de áreas para lavouras de soja e para pastagens. Desde o dia 1º de janeiro, a mistura de 2% de biodiesel ao diesel convencional é obrigatória em todo o país – a proporção deve aumentar nos próximos anos. Embora parte do biodiesel usado para essa mistura seja produzida a partir de mamona e outras espécies cultivadas em esquema de agricultura familiar, a principal matéria-prima desse biocombustível é a soja cultivada em regime de monocultura em grandes propriedades. Dívida de carbono Os benefícios ambientais do uso de biocombustíveis costumam ser calculados a partir do CO 2 absorvido pela lavoura usada como matéria-prima – esse carbono seqüestrado da atmosfera compensaria aquele emitido pela queima do combustível. No entanto, esse cálculo não leva em conta a vegetação nativa que ocupava aquela área antes que ela fosse convertida em terras agricultáveis. Esses ecossistemas armazenavam toneladas de carbono, lançadas na atmosfera com a sua derrubada.
Queima de florestas tropicais de turfa na Indonésia para o plantio de dendê, voltado para a produção de biodiesel. O prazo para a 'quitação' da 'dívida de carbono' provocada pela conversão desse ecossistema é de 420 anos (foto: Wetlands International). "A conversão de hábitats nativos em áreas de cultivo libera CO 2 devido à queima ou à decomposição microbiana do carbono orgânico armazenado na biomassa vegetal e nos solos", explica a equipe de Fargione no artigo da Science. "Após uma liberação rápida devido ao fogo usado para limpar a terra ou pela decomposição das folhas e raízes finas, há um período prolongado de emissão de gases do efeito-estufa à medida que as raízes grossas e os galhos se decompõem e que os produtos da madeira se decompõem ou são queimados." O time de Fargione calculou a ‘dívida ambiental’ provocada pela conversão de seis ecossistemas em lavouras, durante os 50 anos seguintes à derrubada dessa vegetação nativa. O biodiesel feito com a soja cultivada na Amazônia só perde para o biodiesel de dendê plantado em áreas de florestas tropicais de turfa na Indonésia e na Malásia, que pode gerar uma ‘dívida de carbono’ que levaria até 420 anos para ser ‘quitada’. A ‘dívida de carbono’ associada à conversão do cerrado em lavouras de soja, para a produção do biodiesel, e de cana-de-açúcar, para a produção do etanol, também foi calculada. O ‘prazo de quitação’ da dívida é, respectivamente, de 37 e 17 anos – ou seja, este é o tempo necessário para que o uso desses biocombustíveis comece de fato a ser vantajoso para o meio ambiente. Os dois casos foram os menos preocupantes dos seis analisados pelos pesquisadores. Diante do alarme, os autores do estudo são taxativos. "Ao converter a terra para a produção de biocombustíveis, estamos talvez promovendo não intencionalmente alternativas piores do que os combustíveis fósseis que elas deveriam substituir", afirmou à imprensa Jimmie Powell, pesquisador da Nature Conservancy. Os autores do estudo destacam que a produção de biocombustíveis deve valorizar o uso de rejeitos da biomassa como matéria-prima – como o bagaço da cana, já usado em escala experimental para a produção de etanol no Brasil – ou o cultivo em terras degradadas ou abandonadas.

Bernardo Esteves Ciência Hoje On-line 07/02/2008

Wednesday, February 6, 2008

Características de alguns produtos que vão para o lixo

Papel ondulado(cartonado)

É lixo seco
Utilizado em caixas para transporte de produtos para indústrias, depósitos, escritórios e residências.
Mais conhecido como papelão, tem uma camada intermediária externa de papel, com ondulações, na forma de uma sanfona.

Por que reciclar?

O papel ondulado de fácil coleta em maiores volumes comerciais, e possui um custo de processamento relativamente baixo

Embalagens longa vida

É lixo seco

Compostas de dupléx, polietileno e alumínio
Precisam ser lavadas após o consumo, pois os restos que ficam no material dificultam o seu reprocessamento
As embalagens podem ser amassadas antes de jogadas no lixo, aumentando o espaço da lixeira

Por que reciclar?

O papel existente nestas embalagens pode ser compostado para a produção de húmus para usar em hortas e jardins

Embalagens PET

É lixo seco
Compostas por polietileno tereftalato
Por que reciclar?

Sua reciclagem, desvia o lixo plástico dos aterros e utiliza apenas 30% da energia necessária para a produção da resina virgem
O PET pode ser reciclado várias vezes sem prejudicar a qualidade do produto final.
O plástico reciclado se transforma em material de costura, carpetes, bandejas de frutas e novas garrafas.


Plástico rígido

É lixo seco

Compõe cerca de 60% das embalagens plásticas- garrafas de refrigerantes, sucos, produtos de limpeza e higiene e potes de alimentos

Por que reciclar?

É matéria-prima básica de fibras têxteis, tubos e conexões, eletrodomésticos, calçados, utensílios domésticos como baldes e outros produtos.
O plástico rígido pode ser reprocessado, para gerar novos artefatos plásticos e energia.

Pneus

É lixo seco, entregue para o borracheiro
Por que reciclar?

A reciclagem da borracha devolve ao processo de produção o insumo regenerado por um preço menor que a metade do custo da borracha natural ou sintética
O seu aproveitamento também economiza energia e petróleo utilizado como matéria-prima virgem, além de melhorar as propriedades de materiais feitos com o material borracha.

Latas de alumínio

É lixo seco
Por que reciclar?

Reciclar esse material diminui o lixo dos aterros e também possibilita significativo ganho energético(cada latinha reciclada corresponde ao consumo de um aparelho de TV durante 3 horas)
A reciclagem evita a extração mineral da bauxita(usado para a fabricação da alumina, que é transformada em liga de alumínio)



Latas de aço
É lixo seco

Por que reciclar?

Permite que o aço volte ao mercado em forma de automóveis, ferramentas, vigas para construção civil, arames, vergalhões, utensílios domésticos e novas latas.


Vidro

É lixo seco, separe na lixeira enrolado em jornal
Por que reciclar?

É fácil reciclagem, podendo voltar a produção de novas embalagens para substituir o produto virgem com total aproveitamento da qualidade


Para saber sobre outros materiais clique aqui e pergunte ao IBPS

fonte:http://www.ibps.com.br/index.asp?idmenu=&Idnoticia=3914

Monday, February 4, 2008

O PROTOCOLO DE QUIOTO (KYOTO)

O Protocolo de Quioto é consequência de uma série de eventos iniciada com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (outubro de 1988), seguida pelo IPCC's First Assessment Report em Sundsvall, Suécia (agosto de 1990) e que culminou com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CQNUMC, ou UNFCCC em inglês) na ECO-92 no Rio de Janeiro, Brasil (junho de 1992). Também reforça seções da CQNUMC.
Constitui-se no protocolo de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações científicas, como causa do aquecimento global.
Discutido e negociado em Quioto no Japão em 1997, foi aberto para assinaturas em 16 de março de 1998 e ratificado em 15 de março de 1999. Oficialmente entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois que a Rússia o ratificou em Novembro de 2004.
Por ele se propõe um calendário pelo qual os países desenvolvidos têm a obrigação de reduzir a emissão de gases do efeito estufa em, pelo menos, 5% em relação aos níveis de 1990 no período entre 2008 e 2012, também chamado de primeiro período de compromisso (para muitos países, como os membros da UE, isso corresponde a 15% abaixo das emissões esperadas para 2008).
A redução das emissões deverá acontecer em várias atividades econômicas. O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, através de algumas ações básicas:
Reformar os setores de energia e transportes;
Promover o uso de fontes energéticas renováveis;
Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Convenção;
Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos;
Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.
Se o Protocolo de Quioto for implementado com sucesso, estima-se que deva reduzir a temperatura global entre 1,4ºC e 5,8ºC até 2100, entretanto, isto dependerá muito das negociações pós período 2008/2012, pois há comunidades científicas que afirmam categoricamente que a meta de redução de 5% em relação aos níveis de 1990 é insuficiente para a mitigação do aquecimento global.

Fonte: Wikipedia

AQUECIMENTO GLOBAL

http://www.youtube.com/watch?v=fax3sDzr2hs

Um elo na evolução dos crocodilos

Animal que viveu há 80 milhões de anos é forma intermediária entre espécies primitivas e atuais
O Montealtosuchus arrudacamposi vivia em um ambiente de clima árido e quente e tinha que se deslocar com agilidade em busca de suas presas (ilustração: Deverson da Silva - clique p/ ampliar).
Fósseis de uma nova espécie de crocodilomorfo podem esclarecer uma parte até então obscura da história evolutiva desses animais. O Montealtosuchus arrudacamposi, que viveu há cerca de 80 milhões de anos, durante o período Cretáceo Superior, tem características morfológicas intermediárias entre as formas pré-históricas e atuais de crocodilos. O novo crocodilomorfo brasileiro foi descrito a partir de três esqueletos quase completos e bem preservados. Os ossos foram encontrados em Monte Alto, interior de São Paulo, por pesquisadores do Museu de Paleontologia da cidade e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Essa descoberta pode projetar a paleontologia brasileira a níveis internacionais, pois irá reescrever a história da evolução dos crocodilos”, destaca o geólogo Ismar de Souza Carvalho, professor do Departamento de Geologia da UFRJ e coordenador do projeto. Antes, crocodilomorfos primitivos e atuais formavam grupos com características muito distintas. A classificação da nova espécie como uma forma intermediária de crocodilomorfo baseou-se em análises de seu crânio. O formato do palato e a articulação entre crânio e mandíbula revelam aspectos pertencentes a uma categoria de transição no processo evolutivo desse grupo. O M. arrudacamposi foi considerado um animal atípico, pois se diferencia muito dos jacarés e crocodilos atuais. Ele pesava cerca de 40 kg e media entre 1,30m e 1,70m de comprimento. As pernas longas e os olhos dispostos na lateral da cabeça indicam que se tratava de um predador com hábitos totalmente terrestres. O formato de seus membros demonstra que o animal se deslocava com destreza em terra firme, ao contrário dos exemplares de hoje em dia. Ele apresentava ainda placas dérmicas em seu dorso como forma de proteção. Segundo os pesquisadores, o animal viveu em ambientes de clima sazonal, com longos períodos de seca e chuvas torrenciais esparsas, que formavam rios temporários. O M. arrudacamposi dividia essa paisagem com dinossauros de grande porte, tartarugas aquáticas e outros crocodilomorfos terrestres.
O animal passou por um processo de reconstituição digital, do fóssil a um modelo virtual em três dimensões, a partir de tomografias de seu crânio (arte: Rodolfo Nogueira).
Técnicas pioneiras de análise Para a descrição da nova espécie, publicada na edição de outubro do periódico Zootaxa, foram usadas técnicas pioneiras de análise dos fósseis. Segundo o geólogo Felipe Mesquita de Vasconcellos, aluno de doutorado da UFRJ e membro da equipe, a pesquisa empregou tecnologia digital e tomografia para a construção de um modelo virtual tridimensional do M. arrudacamposi. “Com essas técnicas, podemos perceber o formato interior da caixa craniana e da estrutura muscular do animal”, afirma Vasconcellos. “Além disso, o formato do palato nos dá uma idéia da força de sua mordida.” A cidade de Monte Alto é conhecida por ser um importante sítio paleontológico. A região está assentada sobre rochas da bacia Bauru e é rica em fósseis de animais do período Cretáceo, desde invertebrados, como moluscos, até vertebrados de grande porte. O nome Montealtosuchus arrudacamposi é uma homenagem ao município de Monte Alto e ao professor Antônio Celso de Arruda Campos, atual diretor do Museu de Paleontologia de Monte Alto e um dos primeiros a encontrar os fósseis.

Igor Waltz Ciência Hoje On-line 01/02/2008

INSEGURANÇA ALIMENTAR À VISTA

Mudanças climáticas podem reduzir disponibilidade de comida em certas regiões do mundo até 2030
A produção de arroz em toda a Ásia será provavelmente afetada pelas mudanças climáticas. Na foto, campos de arroz em Bali, Indonésia (fotos: Marshall Burke).Os sistemas agrícolas serão seriamente afetados pelo aquecimento global nas próximas décadas. Se nenhuma medida de adaptação for tomada, até 2030 o aumento das temperaturas e o declínio das chuvas em regiões do planeta que sofrem com a insegurança alimentar provavelmente reduzirão a produção de cultivos essenciais para as populações dessas áreas, o que pode diminuir ainda mais a disponibilidade de comida. Segundo estudo norte-americano publicado esta semana na Science, o sul da Ásia e a África meridional são áreas particularmente vulneráveis à escassez de alimentos. No Brasil, as mudanças climáticas devem ter impactos negativos sobre a produção de trigo, arroz, milho e mandioca. “É provável que a soja também seja afetada negativamente no Brasil, embora em menor medida”, diz à CH On-line um dos autores do artigo, David Lobell. “Já a cana-de-açúcar não deve ser prejudicada”, completa o pesquisador, vinculado ao Programa de Meio Ambiente e Segurança Alimentar da Universidade de Stanford e ao Laboratório Nacional Lawrence Livermore, ambos nos Estados Unidos. O grupo analisou os impactos das mudanças climáticas sobre os cultivos mais importantes nas 12 principais regiões do mundo que abrigam grande quantidade de pessoas com fome – muitas delas localizadas em zonas tropicais e subtropicais. A análise baseou-se em estatísticas de cultivo e projeções climáticas para o ano de 2030 geradas por 20 modelos diferentes, que apontam aumento de temperatura de 0,5ºC a 2ºC nessas regiões e resultados variados quanto ao volume de chuvas. A avaliação revelou algumas projeções negativas, por exemplo, para o milho e o trigo na África subsaariana, com estimativa de pelo menos 95% de chance de que as mudanças climáticas prejudicarão a produção agrícola na falta de medidas de adaptação. Em muitos casos, há grandes incertezas: os impactos variam desde muito negativos a muito positivos, como o amendoim no sul da Ásia e o Sorghum (gênero que inclui 20 espécies de gramíneas) na África meridional. Também existem exemplos de cultivos que sofreriam impactos menores, como o trigo no oeste da Ásia.
O trigo (na foto), o arroz, o milho e a mandioca estão entre os sistemas agrícolas que sofrerão impactos negativos no Brasil devido ao aquecimento do clima e à diminuição das chuvas.Ameaça clara “Apesar das muitas suposições e incertezas associadas com os cultivos e modelos climáticos usados, a análise aponta para muitos casos em que a segurança alimentar é claramente ameaçada pelas mudanças climáticas em um prazo relativamente curto”, dizem os autores no artigo. Segundo eles, o estudo identifica áreas prioritárias de preocupação, para que se invista em medidas de adaptação para moderar a severidade dos impactos das mudanças climáticas sobre os sistemas agrícolas. O emprego de fertilizantes, o melhoramento de sementes e o uso mais adequado da terra estão entre as ações que podem ser implementadas. “Há muitas outras opções de adaptação, e a maioria delas faz sentido mesmo sem as mudanças climáticas”, acrescenta Lobell. “Alguns exemplos seriam desenvolver variedades mais tolerantes ao aquecimento e à seca, melhorar o manejo dos cultivos agrícolas e diversificar as fontes de renda dos fazendeiros“, enumera.

Fonte:http://cienciahoje.uol.com.br/

AQUECIMENTO GLOBAL

A locução aquecimento global refere-se ao aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da Terra que se tem verificado nas décadas mais recentes e à possibilidade da sua continuação durante o corrente século. Se este aumento se deve a causas naturais ou antropogênicas (provocadas pelo homem) ainda é objeto de muitos debates entre os cientistas, embora muitos meteorologistas e climatólogos tenham recentemente afirmado publicamente que consideram provado que a ação humana realmente está influenciando na ocorrência do fenômeno. O Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC - (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas, estabelecido pelas Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial em 1988) no seu relatório mais recente[1] diz que grande parte do aquecimento observado durante os últimos 50 anos se deve muito provavelmente a um aumento do efeito estufa, causado pelo aumento nas concentrações de gases estufa de origem antropogênica (incluindo, para além do aumento de gases estufa, outras alterações como, por exemplo, as devidas a um maior uso de águas subterrâneas e de solo para a agricultura industrial e a um maior consumo energético e poluição).
Fenômenos naturais tais como variação solar combinados com vulcões provavelmente levaram a um leve efeito de aquecimento de épocas pré-industriais até 1950, mas um efeito de resfriamento a partir dessa data.[2][3] Essas conclusões básicas foram endorsadas por pelo menos 30 sociedades e comunidades científicas, incluindo todas as academias científicas nacionais dos principais países industrializados. A Associação Americana de Geologistas de Petróleo,[4][5] e alguns poucos cientistas individuais não concordam em partes.[6]
Modelos climáticos referenciados pelo IPCC projetam que as temperaturas globais de superfície provavelmente aumentarão no intervalo entre 1,1 e 6,4 °C entre 1990 e 2100.[7] A variação dos valores reflete no uso de diferentes cenários de futura emissão de gases estufa e resultados de modelos com diferenças na sensibilidade climática. Apesar de que a maioria dos estudos tem seu foco no período de até o ano 2100, espera-se que o aquecimento e o aumento no nível do mar continuem por mais de um milênio, mesmo que os níveis de gases estufa se estabilizem.[8] Isso reflete na grande capacidade calorífica dos oceanos.
Um aumento nas temperaturas globais pode, em contrapartida, causar outras alterações, incluindo aumento no nível do mar e em padrões de precipitação resultando em enchentes e secas[9]. Podem também haver alterações nas freqüências e intensidades de eventos de temperaturas extremas, apesar de ser difícil de relacionar eventos específicos ao aquecimento global. Outros eventos podem incluir alterações na disponibilidade agrícola, recuo glacial, vazão reduzida em rios durante o verão, extinção de espécies e aumento em vetores de doenças.
Incertezas científicas restantes incluem o exato grau da alteração climática prevista para o futuro, e como essas alterações irão variar de região em região ao redor do globo. Existe um debate político e público para se decidir que ação se deve tomar para reduzir ou reverter aquecimento futuro ou para adaptar às suas conseqüências esperadas. A maioria dos governos nacionais assinou e ratificou o Protocolo de Quioto, que visa o combate à emissão de gases estufa.


Fonte Wikepedia